São Paulo, 15/08/2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Acanho
A escrita quando foge
é algo como a mudez
coma temporário
e quando decide voltar
arranca troncos
distorce fios
chuta crianças.
O que em mim não for prematuro
de certo será punido
pela minha sanidade gasta.
A escrita quando nasce
usa seu corpo pra escarrar verdades.
De antemão pressinto:
não sou eu quem me governo.
é algo como a mudez
coma temporário
e quando decide voltar
arranca troncos
distorce fios
chuta crianças.
O que em mim não for prematuro
de certo será punido
pela minha sanidade gasta.
A escrita quando nasce
usa seu corpo pra escarrar verdades.
De antemão pressinto:
não sou eu quem me governo.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Interlúdio
Sou outra agora
nova
cretina de amores sim
mas não mais devota
nem benevolente
sou humana nas ruas
e poeta na cama
porque não quero que me vejam nua
nem que me adentrem
que me julguem ou me consertem
quero meu erro sangrando na língua
meu silêncio coçando nas tuas orelhas.
O que me estraga é ser mulher
e se fosse homem seria o mesmo
sujo canalha ríspido raso.
Suplico: não quero mais ser humana.
domingo, 3 de julho de 2011
Sintáxe
Ultimamente nada tem impressionado ou sido suficientemente interessante. É esse meu hábito de querer a multiplicação dos acontecimentos. E eu quero que tudo que é medíocre cesse e me arraste para o novo, mas tenho medo desse imenso e desconhecido será-o-que-virá. Porque eu preciso de porquês. E de soluções, brechas, argumentos. E num fundo nem tão distante, a mediocridade está em mim e em tudo, porque é impossível se livrar da pobreza humana de espírito. Volto a me fazer refém de mim. Invento um amor pra poder culpar. Acredito nas minhas próprias mentiras e temo minhas próprias verdades.
Quero ter membros em seus devidos lugares. Quero um coração amorfo. E quero beber todos os goles e lamber todas as gotas de emoção que existem no mundo. Mas não posso, sou fraca. Cresço involuntariamente retorcida e minhas necessidades mudam de acordo com meus luxos e minhas fraquezas. Todo luxo é uma fraqueza. Sou escassa e sou abundante. Sou tremenda covarde. Não sei estar indiferente e esse é meu maior pecado. Gosto deles, quero todos e invento outros. Não há nada maior num ser do que sua capacidade de se meter nos mundos. O mundo não tem forma e nem encaixe. Digladio com minha falta de forma que não cabe e nem comporta. Sou o mundo e também sou volume. Mais uma na tua vista, na tua estante, no teu ventre, na tua mesa, na tua cama, na tua agenda. E somos todos.
Mal preciso de Deus à espreita para me ordenar castigos. Castigo à mim mesma com meus modos e me recuso a acreditar em mentiras outras. Quero as minhas e já é suficiente. Quero ser profunda sem cair em minhas valas. Não peço perdão e não me arrependo. Repito antes de dormir: "Não tende piedade dessa. Tende distância e cuidado, amém".
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Sou dessas que se faz de uma pra ser outra, e assim sucessivamente. É de provocações que vivo. As lembranças me atravessam a todo instante. Ainda não descobri a utilidade dos meus ouvidos que não seja para aquela voz e alguma música. Não ouço aos outros. E vejo seletivamente, em instantes. Meu instante é breve e pulsa longo, sem fim. Meu tempo não caminha: corre, tropeça, rala, rola. Não tenho freios. Quero minhas verdades escancaradas me atiçando o pulsar.
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